Olá, caros amigos. Dia estranho, não é mesmo? Pudera, é domingo, e os domingos sempre são estranhos. Os domingos têm gosto de sábado vencido, e cheiro de segunda-feira. Acordei com vontade de conversar sobre filmes, mas nos últimos meses não tive a oportunidade de assistir muitos. Quem segue este blog há algum tempo, deve ter percebido que a categoria “Os Cinco Filmes do Mês” está hiata. Acontece nos melhores blogs, neste então, não é algo espantoso.

No entanto, tenho alguns filmes em mente. “Inimigo Meu”, de 1985, dirigido por Wolfgang Petersen, é um deles. O filme é baseado em um livro de Barry Longyer. Trata-se de uma ficção científica simples, mas muito bacana. O filme retrata dois soldados perdidos em um planeta desconhecido, isso depois de escaparem ilesos de uma guerra espacial. Acontece que os dois são inimigos:  Davidge (Dennis Quaid) é um soldado da Terra, e Jeriba (Louis Gossett Jr.) é um soldado alienígena, do planeta Drac. Os dois ficam presos em um planeta desconhecido, sem habitantes. Eles são obrigados a deixar a guerra de canto, e se tornarem grandes amigos. O bacana do filme é o jeito que a estória é contada. No início há o velho preconceito entre as raças, mas no fim, o preconceito vira um bom sentimento.

Também há a questão da religião. Cada qual com a sua, no entanto sem referências. Jeriba ensina sua religião para o Davidge, que no início, rejeita a amizade. Admito que fiquei com raiva do papel “humano” no filme. O Davidge apresenta aquele velho sentimento de poder, de dono do universo. Jeriba, por sua vez, poderia ser um hippie aqui na terra. É um filme que recomendo. É plausível.

Outro filme bacana é o “A Invenção da Mentira”, de 2009, dirigido pelo saudoso Ricky Gervais, e pelo Matthew Robinson. Imagine um mundo sem mentiras. Imaginou? Estranho, não é mesmo? O garçom confessa que tomou um gole da bebida do cliente, o funcionário deixa claro que faltou porque odeia o chefe, e o slogan  “Pepsi – para quando eles não servem Coca-Cola”, prende a atenção de quem assiste. A coisa fica interessante quando o nosso personagem principal, Mark Bellison (Ricky Gervais) descobre que é o único humano capaz de mentir. Diferente do resto do mundo, o Mark consegue mentir sem problemas, para qualquer um (diferente da tragédia cinematográfica “O Mentiroso”, com Jim Carrey). Ele resolve quase todos os seus problemas, conquista a mulher que almeja (Jennifer Garner). Torna-se um deus. No entanto, ele não consegue mudar o mundo com suas mentiras, pois sente medo. Para os críticos, esse é o ponto “pé na lama” do filme. Mas não, esse é um ponto interessante. O filme apresenta uma crítica formidável à religião. Não poderia ser diferente, já que o Ricky Gervais esteve no comando da obra.

O próximo filme que irei recomendar também é plausível. No entanto, para vê-lo, é necessário paciência e um olhar cinematográfico mais “apurado”. O filme em questão é  “O Incrível Exército de Brancaleone”, de 1965, dirigido por Mário Monicelli. O filme em questão retrata os costumes da cavalaria medieval através de uma boa sátira. Para os mais atentos, trata-se de uma paródia de D. Quixote de Cervantes. Estamos falando de um filme hilário, que consegue falar da decadência das relações sociais no mundo feudal, o poder da igreja católica, e a presença dos serracenos (árabes e mulçumanos). Uma ótima forma de aprender história. O contexto histórico é claro: a crise do feudalismo, na Baixa Idade Média, que estende-se do século XI ao XIV. O filme brinca com o trinômio: guerra, peste e fome, o que marcou o século XIV.

Há vários filmes que recomendo. “O Homem que Ri”, de 1928, dirigido por Paul Leni, um verdadeiro clássico. Aliás, para quem não sabe, o personagem Gwynplaine (Conrad Veidt) inspirou a criação do Coringa, inimigo do Batman. Também há o “Metrópolis”, filme alemão de 1927, dirigido por Fritz Lang . Outro belo clássico. Foi, na época, a mais cara produção realizada na Europa. O filme é tão clássico que, depois de 83 anos, teve sua 2ª estréia mundial (2010). A obra retrata a preocupação com a mecanização da vida industrial, ressaltando a importância do sentimento humano. Há 83 anos fora retratado o que acontece em nossas vidas, na atualidade. Deveras plausível. Também recomendo o “Planeta dos Macacos”, nas versões de 1968, 2001, dirigido pelo saudoso Tim Burton, e a mais recente versão (2011), dirigido por Rupert Wyatt. Gostaria muito de recomendar as outras 7 adaptações do livro do Pierre Boulle, mas ainda não tive o prazer de assisti-las.

O cinema nacional não pode ficar fora desse lero cinematográfico. Temos o fabuloso “O Auto da Compadecida”, filme de 2000, dirigido por Guel Arraes. O filme é baseado na obra homônima de Ariano Suassuna, misturando alguns elementos  de “O Santo e a Porca”, e “Torturas de um Coração”, ambas de Suassuna. Na verdade, o filme em questão é uma adaptação para o cinema de uma série televisiva; na versão cinematográfica, cerca de 100 minutos foram cortados. Também temos o “Cheiro do Ralo”, de 2007, com direção de Heitor Dhalia. Bem, por hoje é só. E vocês, amigos leitores, recomendam algum filme?

Por Henrique Guedes